Inércia
Neste lugar não jaz ninguém
que de mim não tenha feito parte. Deixo-me
tatuar pela sombra que a luz promete:
as vendas têm fendas, mas os olhos
já não brilham como o olhar reflecte.
O sangue que pulsa adormecido
é o pó que semeio nos dias férteis
do negro sal que em mim restou.
Mas no fim não respirei nada
daquilo que em mim expirou.
Alguém que me desfaça os nós dos dedos!
para que eu possa folhear-me devagar
(ai de mim se o ar se agita).
Quero escalar as montanhas do que guardei
e limpar a ferrugem da língua aflita.
Perdi-me da ânsia de partir
pois já não caminho mais, move-se
por mim a estrada que me prendeu.
E para quê pisar a terra, se a chuva
vai tropeçar sobre cada passo meu?
Tenho incêndios na garganta
como a quem já não basta falar. Canto, então,
para fazer do tempo breve conquista.
Já é hora? Pois não esperes, vida.
Vai andando, que eu sigo-te com a vista.
Sofia Gomes
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