A Vida é a Escola mais Antiga
Tantos alunos lhe passam pela mão
Ensina todo o tipo de cursos
A todos dá formação!
Aos pequenos que iniciam seu percurso
Coloca os “Pais” ao seu dispor
Que os ensinam a comer, crescer, caminhar
Com todo carinho e amor
Já em adulto mostra-lhes
Que ainda têm muito que aprender!
Trabalham arduamente
Sem por vezes se fazerem reconhecer
Muitos alunos têm-se ferido
Muitos deles acabam por desistir
Porque não encontram um motivo
Que os faça de novo sorrir!
Ainda tem aqueles alunos
Que passam por lutas e confusões
Mas que descobrem que têm potencial
E acabam por se tornar grandes campeões!
E tu que lês agora este poema e dizes
Que a tarefa que a Vida te deu é complicada
Lembra-te que és um Aluno Brilhante
Considera a situação vencida e ultrapassada!
Diana Rebelo
Inércia
Neste lugar não jaz ninguém
que de mim não tenha feito parte. Deixo-me
tatuar pela sombra que a luz promete:
as vendas têm fendas, mas os olhos
já não brilham como o olhar reflecte.
O sangue que pulsa adormecido
é o pó que semeio nos dias férteis
do negro sal que em mim restou.
Mas no fim não respirei nada
daquilo que em mim expirou.
Alguém que me desfaça os nós dos dedos!
para que eu possa folhear-me devagar
(ai de mim se o ar se agita).
Quero escalar as montanhas do que guardei
e limpar a ferrugem da língua aflita.
Perdi-me da ânsia de partir
pois já não caminho mais, move-se
por mim a estrada que me prendeu.
E para quê pisar a terra, se a chuva
vai tropeçar sobre cada passo meu?
Tenho incêndios na garganta
como a quem já não basta falar. Canto, então,
para fazer do tempo breve conquista.
Já é hora? Pois não esperes, vida.
Vai andando, que eu sigo-te com a vista.
Sofia Gomes
A vida é ponte:
Existir é atravessá-la,
Passo constante, insciente,
(A Consciência toldada pela psique dos passos)
Sabendo não existir que por deserto a outra margem.
Deserto de sentido,
Deserto de amor (ou admissão niilista do seu absurdo),
Deserto da percepção, nítida como a realidade,
Do deserto da própria passagem.
Existir, sim: é atravessar a ponte.
E viver?
Pedro Leitão
Procurar pelo carinho em todo caminho
Olhar além do infinito da saudade
Encantar a serpente do pecado
Manter o coração aquecido
Amar sem saber por quê
Sonhar acordado
À vontade viver!
Vidas não seguem métricas,
Independem de rimas,
De versos e afins,
A vida é por si – poesia...
Vida e morte
Vivendo, vivo, lutando,
Numa Luta, de vida, sem fim
Para um dia continuar vivendo,
Quando a vida fugir de mim.
Alma perdida, tentando encontrar,
Uma vida, que desconheço,
Mas onde espero abraçar,
Alguém, que a Deus peço.
Pai, acredito, de novo viver,
Aí consigo onde está,
Porque se assim não puder ser,
Que sentido tem estar cá?
Cá vivo, por cá vou,
Sendo, aquilo que me ensinou,
Aí continuarei a viver,
O tudo ou o nada do que sou.
Adeus, direi,
Aquando da despedida,
Até breve até um dia.
Porque é curta esta partida!
Se assim não fosse,
Que sentido teria a vida?
Acreditem!
Todos nos voltaremos a ver!
Joana
A Vida...
É algo que se tornou real,
São os pensamentos que "vivem" no coração
E que ninguém leva a mal,
Porque "arrastam" muita paixão.
A Vida...
É o nosso maior bem,
Temos que a respeitar,
Pois quem não a tem,
Nunca a saberá avaliar.
A Vida...
Tem como fruto a alegria...
Para muitos com "podridão",
Mas com a ajuda da simpatia,
Vamos todos dedicar-lhe uma canção.
Autora: Sandra Freire
Atestado do Óbvio
Diante da minha grande e visível imbecilidade
Ou melhor, inutilidade
Declaro para todos os fins
Que a vida é um grande sarcasmo
Declaro tão somente
E com todo o respeito que não tenho
Que tudo aquilo que nos fere
Serve inevitavelmente
Para nosso deleite e para nossa auto-afirmação
Eu, que não possuo moral alguma
Digo que tua vida não tem função
A não ser à contemplação
Pela minha vasta inexperiência
Em assuntos corriqueiros
E minha grande experiência
Por aquilo que nunca vi
Digo e repito
Que tudo merece ser experimentado
E usado até o ponto de total desgaste
Pra no final ser apenas comentado
Assim, fica o registro
De uma óbvia mortal
Que não sabe o que fazer da vida
Que usa as palavras com desdém
E mesmo assim se acha no direito
De ser alguma coisa pra alguém.
Anne Lucy S. Barbosa
Vida...
Estilhaço poético de aurora,
Ampulheta volátil de momentos,
Escondida nos recantos do tempo...
Ciclo lunar de sentimentos...
Entre o princípio e o fim do nada,
Entre as brumas delicadas da maré...
Esvoaçar caótico de borboletas...
Romance tortuoso do destino,
Respiração suave do universo,
Imenso vórtex de criação...
Tu, que sustentas os corpos,
Que seriam, sem ti, frágeis fantoches,
Corações que não saberiam bater...
Saudo-te, inspirando levemente,
E procuro, através destas palavras,
Criar algo que se assemelhe à tua glória...
Audaz arrogância de poeta,
Igualar-se a quem o criou...
Por: Isabel Teles de Menezes
Dias
Tenho fé na raça humana
Tenho fé...
Tenho medo de ter fé...
Tem moedas que não têm preço...
Tem dias em que me desconheço...
Desses que a gente fica pelo avesso...
E o apresso parece que foge sem pressa...
Atrasado que fica em busca de sentimento algum...
Mas tenho fé...
Nesses dias tão rápidos que os instantes,
Parecem que já não são como antes...
O que era agora, ontem foi embora,
E embora hoje, pareça ontem, ...agora...
Já perdeu a hora...
Assim o tempo acha que passa
Sem que, se quer, se mova...
Dia e noite, noite e dia
Passo, e a cada passo,
Envelheço a carne tardia...
Achando que sei o ninguém sabia,
Que não se pode perder, o que não havia.
Mas tenho fé...
Tenho fé, que a fé há de ferir mortalmente,
Todo inconsciente, num só golpe, num só dia...
E impregnar com a sua peçonha,
todo aquele que já não sonha...
E matar de vida, toda morte em vida que se oponha...
A desnudar tamanha vergonha, dessa ferida em flor...
Esquecer de acreditar por um instante que seja...
No amor.
Duda Fernandes
LÁSTIMA GRATIFICANTE
Em meu peito pulsa a lástima gratificante
grata pela existência e inteligibilidade humana
lástima por se negar tal magnitude em detrimento do ter
Oh, inteligibilidade maléfica
que preconiza a exaltação
da miséria humana por negar a divisão
devido o ter, sempre ter, para ter mais
Oh, hipocrisia burra
afunde-se em teu Ter
caro Ser irracional.
(Anny Letícia P. Coelho)
A VIDA
Quero estar sempre contigo,
De preferência para sonhar,
As tuas flores eu "mastigo",
Pois o perfume me faz alegrar.
És tudo para mim,
Sinal de muita vitalidade,
Gosto de viver assim...
Sem nenhuma maldade.
Dedico-te este poema,
Porque és muita querida,
Tu és o meu emblema...
No meu coração vives tu...minha VIDA.
--
Humberto Neves
Tinta
Sim, eu sei, não é por querer que consigo.
Deixei-as, farto desse enquadramento estático.
É certo que a espessura apenas visual se transforma em verdade e avanço em demasia para lá desta versão…
Se tenho algum estilo preferido?
Gosto daqueles cenários com obstáculos onde tropeço sem cair.
Aqueles que me fazem acreditar que do lado de cá é eufemismo.
Esses outros naturalistas com pouca profundidade que não entendo e me dedicam uma instintiva vontade de sair… me permitem acreditar no fim real.
Aqui, apesar de tudo, o realismo existe sem fazer sentido.
Esqueço-me não raras vezes de respirar e tenho medo de avançar descomedido e não encontrar o início, adulterando para sempre a obra.
Temo encontrar a indispensabilidade de algumas figuras de estilo, obrigando-me a não inventar.
Se calhar, não volto a entrar.
Aguiar
No meu mundo
No meu mundo existe sol
E também existe mar,
E dele avista-se um farol
Que serve para me avisar.
No meu mundo existe amor
E muita solidariedade
Mas também há furor
E muita crueldade.
No meu mundo...
No meu mundo...
Gostava que fosse diferente,
Que houvesse mais
Alegria e menos tristeza
Que houvesse paz,
E muita beleza
Por todo o mundo.
Patrícia Marcos
Vida Sentida
Quando estou confuso
Vem com toda a esperança
Como se todo o meu mundo
Fosse um mundo de criança
E aquela alma querida
Que vem e dá carinho
Dá-me outro sentido à vida
Iluminando o caminho
Mas isto de que falei
E que um dia viverei
Esta forma de vida
Tão desejada e sentida
Não é algo descabido
Pois por todos é sentido
E por isso eu posso dizer
Sem ter medo de o fazer
Que se não for isto viver
Que outra coisa poderá ser
Autor: João Pêcego
A Vida
A vida é uma incógnita moldável…
Uma incógnita nos acontecimentos,
Uma incógnita até nos nossos próprios pensamentos!
Na vida nada podemos conceber,
Devemos apenas viver…
E como é viver bem?
Viver bem é sermos nos próprios,
Seguindo sempre os nossos horizontes…
Apesar dos cruzamentos,
Que nos possam surgir em certos momentos!
Cruzamentos provenientes de maldades do inimigo,
Cruzamentos que tentam tirar-nos o sentido…
Os nossos passos devem ser dados sem olhar para a multidão,
O nosso ser pode ser a melhor sensação.
E um dia o sol brilhará,
Da maneira menos esperada,
Da maneira jamais idealizada…
Não deixes a maldade entrar no teu mundo,
Vive o bem em qualquer segundo
E acordarás um dia feliz por tudo aquilo que deixaste na mente de qualquer ser,
Acordarás e perceberás o que é afinal viver!
S.Ferreira36
Alma e Ser
Na hora mais brilhante,
Do dia mais escuro da minha vida, eu sinto
Que sou observado pelo desfalecer do mundo,
Que não sabe que existo,
Até ao momento da sua destruição
Irei pertencer à sua matéria...
A sombra desce dos céus,
Ela olha-me, Ignora-me...
Vejo-te caído, cheio de lágrimas
Não sei quem és
Sinto-te dentro de mim,
Como o vento que passa e desaparece
Até um dia voltar…
Volto para te ver descer do teu altar
Vergo-me perante o teu ser sagrado
Vens-me buscar no meu final perfeito
A minha face estática…
Agarras a minha alma…
Levas-me...
Para onde?
Não te posso dizer
Irás ver quando deixares de ser meu.
Por um momento, vieste e foste,
Agora adeus...
João Almeida
A VIDA... ENTRE O QUERER E O PODER
Quando criança temos querer,
Com pouca idade não sabemos fazer,
Esperamos pelos nossos pais a ajuda
E aos poucos estamos a crescer.
Sendo criança não temos consciência
De sabermos conjugar o verbo precisar,
Assim esperamos que alguém
Venha sempre nos ajudar.
Aprendemos quando adultos
Que nosso querer é poder!
Devemos fazer fazendo,
Mesmo não querendo,
Vamos fazer e aprender.
Adultos não necessitam de patrocínio!
Basta ter o fazer consciente!
E nunca desistir, ser paciente,
E chegaremos ao nosso destino!
O querer é proporcional
Ao poder que adquiriu.
Portanto, não vale sofrer!
Se não fez... Não conseguiu.
Vera Lucia
A raiva percorre-me todo.
Os olhos, a boca, o tronco, os dedos?
Tudo neste corpo é mentira e ódio
De coisa nenhuma e de tudo.
O espírito vai rebentar com o corpo,
Faze-lo explodir em pedaços, entranhas e vísceras
Vermelhas, de raiva, putrefactas!
O ódio pela vida faz-me cortar o corpo e morrer!
O meu corpo, já estilhaçado, é espalhado como cinzas
E comido como se ali nada tivesse!
Fernando António Nogueira.
Bandolins à vida!
Como córrego sonoro
numa estrada vazia
sem o mínimo prazer
minha existência se ia.
É dado que nesta hora
de toda necessária lida
uma orquestra ouço:
sons de bandolins à vida!
absorvo abundância e
bebo felicidades outras
que é o que me interessa
pois, afinal de contas!
Agora soam os bandolins
na manhã de meu dia,
despertando-me do silêncio
em que desde ontem dormia!
Autor : Raimundo Candido Teixeira Filho
Um grito ao ser humano!
Olha-te e vê, a maravilha que és!
E se não vires, não são teus olhos vendo,
Mas sim teus olhos feitos do olhar de outros,
Aprende um novo olhar, …, só teu!
Vê a maravilha que és!
Flor de lótus em pleno deserto!
Olha á tua volta, …
Não queiras ser somente reflexo do que encontras á tua volta,
Onde vês carnes que se transportam nada mais,
E vês sombras de coisas movendo-se,
Roupagens sem fisionomia própria
Que andam de rastos feito passos,
E olha-te, olha-te e vê como és diferente,
Vê como és estrela, e sol, e lua,
Vê como és lindo no corpo que andas,
Único, maravilhosamente único,
Deliciosamente único e irrepetível!
(Alexandre Falcão)
22/02/2010
Devaneios de Vida
Em ti mergulho
e por minha alma perdoo
o imenso da calma,
da dor e paixão.
Percorro linhas
desnudadas de voos
E ausculto essências
de prosas e sonetos.
Em ti escrevo palavras
de hoje e ontem,
por inconstantes fados
e marés vazias.
Em mim penetras
maresias de vida,
solidões de amor
nesta eterna despedida.
--
Autora: Sopros de Mar
As Vidas
Estranha vida
Fugida da tês de qualquer ser e a sua morbidez
segue ao lado de um corpo já desamparado.
espreita triste ainda sua viuvez.
vais andando e espreitando ao lado
a procura de quem sabe o que lhe vai na mente.
A procura de quem chama e espera adiante.
Vida louca vazia de si mesma
Fingida na alegria mal tingida e estampada
ida na leveza alucinante de um coquetel de droga
e mais tarde comprimida entre a dor e a almofada
de quem chora e a felicidade implora.
Vida dura de qualquer esquina
que só existe para contrariar a sina
que engana a fome e a fartura finge
e espanta os males num canto já sem timbre
vivida e bem vivida vida
sentida com a simplicidade de um lírio
inusitada como é compor a poesia
ouvindo qualquer harpa e aquela lira...
Ricardo Araújo
Porque cantam os pássaros?
Porque cantam os pássaros,
Se o não fazem por amor?
O canto dos pássaros é liberdade,
Saída de um peito,
Sem arbitrariedade.
A singeleza do som,
Com ou sem harmonia,
É como o crepúsculo,
Ou o nascer do dia.
Porque alegram os campos,
Os jardins e a vida,
Se a melodia que entoam,
Não é sempre sentida?
Será assim, a liberdade?
Como o canto dos pássaros?
Não entoa o amor,
Trova o som da verdade.
A liberdade,
É um hino solitário,
Sem racionalidade,
Como o do canário.
Félix Rodrigues
Uma nova estação se anuncia.
Sol mole, preguiçoso
abre um olho.
Nuvem fértil chegando
se derrama sobre o chão
sedento
cobre o grão.
A terra vai conceber.
Nasce a vida.
Estrela Matutina
Vida Nova
Resquícios de uma verdade incompleta
Envoltos numa mentira semi-nua,
Pedaços de tudo e de nada
Perdidos num rosto de angústia.
Dependência de coisas sem sentido,
Revolta de impotência e sofrimento,
Dor de culpa que tresanda na alma
Pairando na mente que tristemente sente.
Reflexos de um medo sem fuga
De uma outrora consciência vazia,
Procurar em mim a resposta
Num crescimento sustentável de mudança.
Uma luta incessante contra o mal
Por um rumo de cor não banal,
Libertar-me num sopro que ri
À conquista de uma vitória sem fim.
Uma nova vida de esperança
Num olhar orgulhoso de alegria,
Desafios e metas que me guiam
Pelo tempo que cura e alivia.
O desígnio terreno de ternura
Que preenche o meu coração,
Uma noite de sonho encantada
No final feliz desta canção.
Luís David Ribeiro Rola
Saudade …
Por todas as vezes que partiste
E tardaste em voltar.
Por todas as vezes que te vi chorar
E nunca me explicaste a razão.
Saudade …
Do sempre que te vi só
E não fui capaz de te amparar.
Do sempre que me abraças-te
E o teu abraço foi mais forte que o meu.
Saudade …
Porque me crias-te
E não me fiz como querias
Porque a terra não te merece
E o teu lugar é junto de mim
… Ó eterna saudade
Porque agora partiste de vez
E não mais volto a ver-te, mãe.
Cintia Lunai
A vida…
A vida é uma ilusão, feita de momentos
É uma experiência louca, sem o resultado
É um sonho sonhado, sem imaginação
É o todo e o nada, sem o miolo
É a alegria e a tristeza, sem o pensamento
É o sol e a lua, sem o universo
É o caos e a existência, sem o tempo
É a noite e o dia, sem a madrugada
É a musica e a letra, sem o compasso
É o papel e a caneta, sem a tinta
É a forma e a arte, sem o olhar do criador
E é a morte …
… A morte do filho, sem a vida do pai
A morte que vem em vida, só para contradizer.
É assim a vida, cheia de momentos e contradições
Momentos que se contra pensam
Que se contradizem
E que o poeta contra escreve.
Nelson Sebastião
O meu olhar descansa
Das muralhas do meu castelo vejo a imensidão do horizonte
Como é grande o meu caminho que na minha mente faço sozinho
O silêncio que não oiço e que não procuro me envolve
E no ar consigo procurar o cheiro da chuva que paira longe
Viajo no meu sonho que aparentemente é sempre escuro
As luzes que o completam estão ao longe no horizonte
Consigo ver para lá delas, não nos meus mortais olhos
Mas no branco sonho do meu coração
Onde um sorriso vale uma vida e uma lágrima um mundo
Onde a paixão é vermelha e o amor é azul
Onde o sol ilumina o verde do chão pisado
Onde a chuva acaba num arco-íris
Cruzaram se os caminhos, venceram se os muros
Perseguimos um ritmo que acabamos por perder
Somos génios mas agimos de olhos fechados
Somos livres mas sentimos o espaço da nossa prisão
As gotas caiem no meu rosto e fazem a minha mente voltar
Ao meu castelo, onde a chuva cai mas é noite, onde não há cor
O vento por vezes não traz boas notícias, e os sorrisos são pequenos
As vontades cinzentas e os corações moribundos
Será minha vontade suficiente para colorir tudo que meus olhos vêem
Serão meus braços porto seguro de um quebra-gelo
Serão meus ouvidos capazes de não ouvir a saudade
Pois as minhas palavras são meu sentido, são parte de mim
13/10/09
Os dias a passar
Parecia uma vela de um barco sonhado algures no meu peito e,
Se esse barco espero para apanhar um barco que me leve,
O barco navega e eu acordo do meu sonho.
O barco não tem vela e ninguém lhe diz para onde ir
E ele quer saber e vem ter comigo e é então que eu lhe digo que o que interessa é ir,
Mas ele não se dá por achado e fica à espera, até que vem o comandante e diz: Vamos em frente!
O barco vai com o comandante e quase fico em terra, mas à última hora atiro-me com força para dentro do barco e lá vou eu no meu sonho.
Quando acordo ainda tenho a cabeça à roda do voltear das ondas
Desapareceu o barco, desapareceu a vela, o comandante, o mar…
Mas fico noutro mar, no mar dos dias a passar.
Maria Albina Martinho
Nas Minhas Veias…
Nas minhas veias,
Corre o Néctar Sagrado.
A herança de antepassados,
Corre um bailado de mil epopeias,
Canta um fado de mil ideias.
Nas minhas veias,
Corre a cor dos corações,
Com que me brindam os sonhos e me gritam as paixões.
Corre a dor e o sofrimento,
Com que alimento o crescimento.
E corre a alegria e corre a loucura…
Corre a ira e a ternura…
Nas minhas veias,
Corre a seiva robusta. Essa força onusta,
Que me levanta a espada,
E que me enaltece e dignifica,
Em cada batalha travada.
Mas, de todos os correres das minhas veias,
Nenhum é mais profundo,
Do que o correr da semente que germina,
E que traz uma nova vida.
Que carrega o sustento da esperança,
Traz o brilho, num riso de uma criança.
Carla Isabel S. Gago
A prisão que é a vida
Que estranho é observar,
sair de nós, pairar.
Ver o mundo passar, como mero espectador.
Deambulante, faço de mim miragem.
Saio da personagem que me fez ser eu.
Hoje sou fantasma.
Sou a minha voz, sou o instante.
Sou tudo e não sou nada.
Sou mero viajante,
que por estar fora do corpo,
e não lhe querer voltar,
olha tudo menos o que tem de olhar.
O mundo é o meu recreio.
Tudo vejo, tudo olho, tudo crio.
Estou de fora, sou magia.
Mas a empatia com a vida,
obriga minha_alma a voltar.
Só me resta esperar,
que num outro momento de euforia,
me deixem respirar.
Pedro Serra
Tu
No chão fica desenhado o teu nome
Em lágrimas esculpido
Da lama ergue-se o destino
Que me toca, nojento!
Dizendo-me que tinha razão
Na alma o fogo queima
Em chamas de dor, de derrota!
Mais uma vez caí no mesmo abismo
Quantas mais lágrimas tenho de chorar?
Quantas mais vezes tenho de cair?
Quantos mais sonhos me irão roubar?
Sim!
Choro lágrimas de sangue
Porque a vida me rouba constantemente
A luta, a guerra!
Sim, isto é para ti!
As minhas lágrimas têm o teu nome!
Sim, isto é para ti!
As minhas lágrimas têm o teu nome!
Patrícia Simões
a vida é um sopro
a vida é um sopro
misturado com o ar:
uma vela que se apaga
mesmo antes de se atear.
a vida é um laço
feita dum abraço,
umas vezes apertado,
outras mais lasso.
a vida é palavra-meia
de significado indefinido
que se espalha ao comprido
a qualquer tempo.
a vida é um tu e um eu,
uma julieta e um romeu,
um poema d’ideias soltas
que se pensou e s’escreveu.
dm
Vida
Esqueço quem sou ao partir...
Revejo na memória esquecida
Tempos distantes de alegria inocente
Na qual repouso o olhar cansado
E vejo, triste, o mundo que hoje perco.
Sombras atravessam um chão de mil areias,
Como as do tempo, intemporais.
Água escorre por uma janela de mágoa
Onde muitos se perderam.
Névoa enegrecida por mim mesmo...
Sol e lua se abraçam sem pensar,
Dia e noite se fundem no meu ser
A hora chega... O mundo pára...
Cessam os gritos que me envolvem.
Sol e lua se separam para não mais amanhecer...
Fria a espada que seguro.
Baça como o sangue dos que caem
Mergulhados na sua própria morte...
Almas nuas, abandonadas por Deus
À sorte de outros que o Diabo seduz.
Transparências sem sentido,
Fim de um mito que pensava ser real...
Pesadelo de um momento irracional,
Em que me deito e me deleito
Sem pensar no amanhã que jamais irá surgir.
Vejo luzes de mil cores
Que me cegam numa paisagem branca,
Onde um anjo imaculado me abraça...
Chega a dúvida à minha mente vazia: Estarei morto ou a sonhar?
Emanuel Drago
Desilusão
Mesmo com o dia claro,
E com o sol a brilhar
Sinto-me na escuridão
E sem ninguém para me ajudar.
Apesar de ter familia
Aqui fui deixada,
As promessas foram muitas
Mas nenhuma concretizada.
Já um dia fui amada
Mas depressa me esqueceram.
E hoje desamparada,
Tento ajudar os que me rodeiam.
Actualmente a viver no lar
Sem as visitas prometidas,
Esperamos por algo que não chega,
Tornando-nos as vidas compridas.
Mas sem aviso chegou
E decidiu-me levar,
Com alegria parti
Para não mais voltar!
Em verdade vos digo
E agora que morri,
Não desejo a ninguém
os últimos tempos que vivi!
Sophia Santos
Reflexos da vida
Imploro-te, deixa-me viver-te…
Que o espelho volte a estar unido,
pedaços desta fé sem sentido,
destes sentimentos de silêncios e lágrimas que perdi…
Peço-te, deixa que a vida me preencha,
que se una ao meu mar de sangue e de vazio,
aos gritos mudos que me dilaceram a alma…
Não, não voes para longe!
Alcança-me e abraça a minha alma nua,
entrelacemos os dedos,
sangue no sangue, vidas unidas por fim!
Joana Assis
A vida que já não existe…
Hoje acordei, abri a janela, olhei o sol…
E… é mais um dia em que vivo,
Vida esta que me aproxima da ravina.
Perdida? Sim, perdida de mim!
Os sonhos já lá vão e as amarras do passado torturam-me,
Censuram-me, relembram-me do lixo,
Lixo que um dia fui!
Estou rouca de gritar pela vida,
A raiva apoderou-se da minha mente,
O ódio é meu aliado e vida partiu…
E é difícil soltar as amarras do passado,
Voltar a viver sem chorar nem sofrer.
Ódio! Sentimento convulsivo que não passa,
Horror ao passado que me atormenta,
Vida, vida sem porto seguro,
Luta constante por ilusões por mim criadas!
Onde? Onde ficaram as memorias?
Os sentimentos perdidos?
As lutas enraivecidas?
A força por mim procriada?
Partiu, junto com a vida que ainda restava,
Com os anos que me apoquentavam,
Eu queria crescer, e cresci tão depressa como o raiar do sol,
Tão assustador como um tremor de terra ou furacão,
E assim, perdida, enlouqueci dentro do caixão
Onde a vida é dos outros,
Onde não há espaço para um coração vivo,
Onde tudo é apenas uma alucinação…
Vanessa Simões
CARNAVAL É UMA QUIMERA
Carnaval é uma quimera,
Vestida de fantasias
Nos lábios um belo sorriso,
Cheio de hipocrisia.
É festa milenar, pois e pagam...
Com certeza, vivendo de ilusões,
De uma suposta alegria
Porém causando tristeza.
São noites e dias felizes pra qualquer folião,
Que fogem da realidade,
E às vezes sem condição,
Pois gastam tudo que tem,
E ficam até sem o pão.
Graças a Deus que as igrejas,
Fazem retiros excelentes,
Para louvar ao senhor,
Pois pensamos diferentes,
Não gostamos do pecado,
Pois Jesus esta com a gente.
Vivaldo Terres
O Dedilhar do Enigma
careço de uma nova resolução:
recomeçar o mundo a partir da clareza nua
e ser fiel à inteireza do princípio e à perfeição do poema;
porventura invocar errâncias consteladas azulando a nossa face;
ou mesmo saber de cor o imperceptível dedilhar do enigma.
nada neste cantinho de terra me é alheio
e, se breve começo fui,
foi para perceber o leve e espesso
clarão sobre as coisas.
sob o voo do poente,
vislumbro o puro rumor de tudo:
a escrita a lápis e o matinal coração de filigrana.
ao longe estremecendo noite e dia
o distante astrolábio de inéditas aventuras,
o tumulto limpo e veemente no seio do búzio primordial.
estou necessitado de um distinto e audível clamor a plenitude,
um mero renovado olhar sobre o pátio do sentido.
Ricardo Gil Soeiro
Os velhos da minha terra
Na minha terra , há velhos
Que dizem sim,
Que dizem não
Na minha terra há velhos
Espíritos inovadores
à mentira dizem não
à verdade dizem sim
da mentira analfabetos
da verdade doutores
dizem sim
dizem não
Nunca dizem talvez
Talvez é mentira
é traição, é calar
a voz do coração
Na minha terra há novos
Novos que são velhos
Não dizem não
Não dizem sim
Dizem talvez
Na minha terra há novos
que são velhos, mais velhos
do que os velhos da minha terra
rucas
(dedicado a uma flor)
Paulo Soares
Vida? O que é a vida?
Vida? O que é a vida?
A vida começa com um choro furiosos enquanto
o ar entra pela primeira vez nos nossos pulmões,
é olhar cada coisa com um ar de espanto
é medida que o tempo avança e nos ensina,
é cair, esfolar os joelhos e fazer arranhões,
é ver em cada gesto o esboço de uma sina,
a vida é saber que tudo é eterno enquanto dura
e que mais vale insistir do que nunca tentar,
é saber que até o diamante mais duro se fura,
é aprender com cada gesto, com cada pessoa,
é rir, é cantar, é sonhar e tantas vezes chorar,
é acreditar que a essência da vida é boa,
a vida é um pião que gira sem direcção,
é um rosto que se cruza no nosso caminho,
é por vezes tristeza, por vezes apenas solidão,
é saber que algures existe um ombro amigo,
é abrir os braços ao mundo e colher o amanhã,
é fechar os olhos e arriscar à beira do precipício
a vida é tudo e esse tudo é nada…
a vida é a única coisa que nos é dada,
a vida é a única coisa que é nossa até ao dia
em que a uma certeza maior diga:
- Vida…está na hora de fechar o ciclo e morrer.
Hisalena
Sátira à Vida!
Que comédia de vida esta!
Há que levá-la a rir,
É só o que nos resta!
Que a desgraça há-de vir!
Temos, em saldo, muito amor!
Antigamente, havia mais!
Temos, com fartura, ódio e rancor.
E tantas outras coisas, banais!
Lá diziam, os nossos antigos,
Que tu “não custas a viver”!
Ai! Esses grandes bandidos!
Porque preferiram, eles, morrer?!
Para os ricos, és bela!
Para os honestos, nem tanto assim!
A beleza! Essa o que é dela?!
Se há tanta coisa ruim?!
Unimos os nossos corações!
Aboliremos corruptos, malvados ladrões!
P’ra que sejas melhor, ó Vida! Daremos as mãos!
E, usufruiremos de ti, como amigos e irmãos!
Anabela Quental
Vícios de realizador
O velho disparou a cassete rumo ao leitor
num tiro certeiro.
Reparou que o filme estava placidamente a chegar ao fim,
num qualquer desenlace disfórico, coincidente com o seu estado actual.
Rebobinou.
Rebobinou uma, duas, infindáveis vezes,
(enquanto o sofá o embalasse num conforto hiperbólico
faria aquilo o tempo que quisesse).
Mas o filme voltava impreterivelmente ao trecho em que estava no início:
como se a fita quisesse resistir ao vício de lembrar o Passado.
Então o velho deixou a cassete chegar ao fim,
num acto de claro masoquismo talvez,
ou talvez a quisesse ver toda de novo.
No entanto, em tal momento,
duas imagens perdem a cor:
a do televisor,
a da sua vida.
Adormecida no aparelho,
a cassete esperaria por quem quisesse fazer memorial ao solitário velho.
Ninguém a rebobinou,
Ninguém a retiraria o leitor.
Pedro Cardoso
Coro de Escravos
Coro de escravos,
Agrilhoados no esquecimento,
Cantam desespero,
Cabeça baixa em servidão.
Vida imperfeita,
Solidão
De alma desfeita em podridão.
Batem-te,
Mas já és só resignação.
Até que um dia: Não!
Não mais escuridão!
Resistência,
quebras com a vergonha,
que anda com a cabeça erguida
quem vence a escravidão.
Manuel Campos Magalhães
“Nasci para amar”
Nasci, numa manhã fria
de um qualquer Fevereiro
Gritei, com quantas forças
tinha, à falta de oxigénio
Abri um olho, depois o outro
e curiosa vi, o que já pressentia,
no calor do útero materno,
um mundo à minha espera
de braços livres e abertos
Brinquei, construí castelos
em nuvens de algodão
caí vezes sem conta
e esparramei-me no chão
Aprendi que para ser feliz
basta olhar o céu, as nuvens,
dançar sob a magia do luar,
sorrir às estrelas a catrapiscar,
enfeitar os cabelos com raios de sol
correr livremente junto
à margem calma de um rio
Sentir o vento que afaga
Em jeito de arrepio
E quando partir
Nessa viagem serena
levar a alma cheia
de luz, amor e paz,
porque a vida foi plena
e eu nasci para amar
Maria Fernanda Reis Esteves
Padeço de Vida
Padeço de vida,
como de água para beber
sofro em lágrimas, perdida
ao ver o que perdi, em não te ter
Anseio a tua vinda
no meu leito eterno
para me transformares, em vida
e findares este inferno
Faz a tua alma saber
que esta vida que mereço,
não a quis, tive que a ter
Por outra vida, enlouqueço
Finda a razão de viver
Não perduro nesta dor
Faço este corpo descrente, saber
Que acabou aqui, o meu amor!
Susana Rosa
CANÇÃO DA VIDA
A canção da vida tem o ritmo dos corações,
Tem as cores das manhãs quando o sol desponta.
E, no horizonte, um caminho de luz vai se abrindo,
Trazendo o azul do céu pra dentro do olhar.
A canção da vida tem cheiro de neném
Aquele cheirinho doce de saudade
Que a gente nem sabe de quê,
Mas penetra na alma da gente.
A canção da vida tem gosto de jabuticaba,
Gosto de aventura, de sonhar felicidade.
De caminhar sem pensar só pra sentir o vento,
Vento que traz consigo um sabor de liberdade
A canção da vida bate na sua janela de leve
É cantiga de ninar quando cai a chuva mansa.
É brisa suave que vem de longe, do mar,
Contando historias, trazendo esperança.
Marly Renault Adib Bittencourt
Viver… apesar de tudo
Velhos e cansados percorrem a estrada da vida
Imaginam a meta depois de uma etapa sofrida
Vivências duras, amargas, difíceis de esquecer
Enquanto os filhos lhes tiram o poder
Retirando seus bens pessoais e materiais sem lhes dizer.
Apesar de tudo vale a pena…viver
Velhos e cansados, desejam carinho e amor
Infelizmente encontram solidão e dor
Desde novos trabalharam arduamente
Agora são postos de parte covardemente.
A vida é difícil quando não se pode partilhar
Promessas de que algum dia tudo irá mudar
Eles e elas, velhos e cansados
Serão para sempre acarinhados e jamais ignorados
A vida é difícil e não se pode adiar
Reunir a família e alegremente confraternizar.
De lar em lar andam a saltar
Enquanto a morte certa teima em chegar.
Tudo faz parte da vida, velhos e novos, novos e velhos
Uns cansados, outros talvez não
Devo dizer que nunca esqueçam
Os que um dia lhes seguraram a mão.
Cristina Coelho
Nunca
Se soubesse o que fazer estaria exactamente onde estou agora,
a galgar imagens, textos e jogos monótonos,
com o essencial mas não menos deprimente por fazer…
Só porque mais nada procuro, ou porque estou exactamente onde sei dever estar.
Uma obrigação camuflada de nada.
Constante realidade camaliónica,
sempre igual!
(Quando é diferente)
Cruzam-se tempos de sentidos tantas vezes proibidos entre si,
que se deixam tão raras vezes infringir.
O que fica do passado, do sempre,
nem sempre nos presenteia. (Razão?)
Enganos surgem por entre as certezas repostas e a naturalidade dos sentimentos:
Diluição do presente, em abraços embriagados de verdade, em segundos perpétuos…
Amor e amizades que poderiam ser,
(Racional)
(Agora, ontem ou amanhã)
e são!
Nuno
Título esquecido
Concordo!
Para que servem todos estes momentos significativos?
Para recordar em ápices onde nada mais há a fazer.
As lições já inconscientemente vigilantes,
teoria não mais do que recapitulação menos atenta.
Lembro-me de quatro de forma muito clara (talvez cinco).
Imiscuem-se (deduzo) em décadas submersas, neste instante codificadas,
na paz que decifram.
Importantes porque voltam a repetir-se, impetuosas recordações sem união.
Um misto de fraqueza e coragem para não regressarem, ou porque não voltam.
Discordâncias já esqueci, preparadas, que virão!
artista
"Às Mulheres da minha vida"
Vós, senhoras todas, que entendeis do amor,
Dizei-me, se o tenho eu, no coração,
Se tão distante, é da razão, esta dor
Sentida fundo, se inspirada desse não.
Senhoras, vós todas, que da dita entendeis,
S’a vires, dizei s’dela tem a tal gémea,
Que tanto s'fala e sonho, em noites tais,
Ou é mito, apenas d’meu Lado fêmea.
Será errado, em todas vós, achar beleza,
Não send’a tela dono, nem mestre pintor,
Todas invento, sob leve penugem de fresa,
No toque, na cor e em meus olhos, sem pudor.
Vós, senhoras todas, que entendeis do amor,
Perdoai , por assim declarar-me , d’paixão,
E , Se culpa for d’alguém, seja d’Ele, Criador
Do belo , d'olhar e coração d'est'artesão.
JOEL MATOS
(2010/01)
Que dizes do mundo em que vives?
Onde existe muita injustiça e pouca justiça.
Preferes um mundo melhor ou pior?
Queres da vida um futuro melhor,
Um barco sem destino
E com muitas paragens?
Vive para amar e melhorar
Este mundo de todos nós.
Sejas branco ou preto
Que diferença faz?
Não vês que tu és o que eu sou
E eu sou o mesmo que tu.
Posso é pensar de forma diferente
Pois nós somos todos iguais
E todos diferentes.
Por fora ou por dentro
O que interessa é seres tu mesmo
E o que faz de nós diferentes?
Aplicarmos os nossos conhecimentos
Para sermos mais originais.
Na vida e no mundo,
Estabelece a paz e acaba com a guerra,
E ficarás bem contigo próprio
E com os outros que te rodeiam.
Patrícia Caldeira
O raiar da Vida
Meus olhos se abrem perante a luz,
Ajoelhando-me, prostrando-me por terra,
Sentindo as lágrimas derramadas pelos céus
Sobre o leito materno da terra que me consola,
Ouvindo cada sentido do pulsar da vida,
Gritando, vivendo, suplicando pelas horas que já se foram...
Horas perdidas em lutas, prostrando-me agora assim,
Mirraram-se os meus sonhos, perderam-se algures.
Minha boca se abre,
Recebendo tuas lágrimas, vida minha.
Meus olhos se tornam fontes, abrindo-se eternos,
Reclamando meu corpo como seu.
Entrego-me a cada parte de ti, Ó Vida
Que nasces e te fazes em mim,
Minhas veias se aquecem ao raiar do sol,
A melodia já se ouve de longe...
Raízes que se unem a ti, meu leito,
Nascente viva de cada sina que se faz em cada momento,
Deixa-me senti-lo, ser o que és, brotar luz,
Derramar eternamente as águas da verdade.
E quando um dia o fizer, poderei sorrir,
Sentindo que a vida se derramou e fez-se
Em cada colina das horas já feitas...
Sofia Duarte
Eu ponho as mãos no fogo pela Vida!
Mais ou menos absurda, ela persiste,
Infiltra-se por tudo quanto existe,
Multiplica-se quando dividida…
Eu ponho as mãos no fogo e não me queimo!
A Vida e Deus são unos, indivisos!
Arquétipos perfeitos e concisos
Pelos quais, mesmo frágil, luto e teimo!
Sagrada mas teimosa, indestrutível,
A Vida não concebe um impossível
E surge nos locais mais improváveis…
Talvez seja improvável, como ela,
Mas… ele existe lá coisa mais bela?!
[Não nego as convicções, se inconfessáveis…]
Poeta
"As Doze Badaladas"
À noite, as doze badaladas
De um sino nunca preguiçoso
São o lembrete precioso
De que nos esperam alvoradas…
Para que ergamos as espadas
No gesto honroso
De quem sente gozo
Nas batalhas travadas.
Porque é isso mesmo a vida,
Uma luta constante,
Uma vitória,
Uma derrota,
Um momento hilariante…
Feitas as contas,
Quer queiramos quer não,
Sorrimos tanto quanto choramos
E amamos tanto quanto odiamos,
Se vivermos com paixão!
Resta-nos esquecer os contos de fadas
E aproveitar cada momento que nos é dado,
Freneticamente, até que hajam soado,
À noite, as doze badaladas…
Ângelo P.
“Ressurreição!”
Escuta as palavras do fadista, ouve o rugido do leão,
Finge que és artista, segue a tua intuição,
Tira 100% no teste, vomita a tua imaginação,
Escala ao cume do Evareste, parte no próximo foguetão,
Desvenda o enigma da esfinge, enfrenta a chama do dragão,
Devolve a dor que te atinge, quebra a tua maldição,
Grita de raiva de vez em quando, entra em erupção,
Assume a voz de comando, fala pela tua geração,
Fura o olho do ciclope, arranca as raízes de Antão,
Monta sempre a galope, acelera a tua pulsação,
Mantém a lâmina afiada, sustém a respiração,
Olha nos olhos da tua amada, confia no teu irmão,
Joga a manilha de ouros, amassa o teu próprio pão,
Desenterra novos tesouros, enche o papo grão a grão,
Dá a mão a uma criança, sopra bolas de sabão,
Forja a tua aliança, sente o bater do coração,
Veste a armadura de cavaleiro, apelida-te Napoleão,
Avança sempre primeiro, lidera a multidão,
Marcha contra os canhões, inventa a tua religião,
Canta todas as canções, invoca um deus pagão,
Iça a nossa bandeira, encarna Dom Sebastião,
Apanha uma bebedeira, festeja até à exaustão,
Escreve um poema à liberdade, à morte diz que não,
Renuncia à mediocridade, assiste à tua ressurreição!
Bernardo Dias
És única! Na verdade
sempre o soube,
desde o começo.
Por tua bondade
quanto me coube...
e eu... agradeço.
Como Homem
poderia, insatisfeito,
esperar por mais,
mas trataste-me bem,
tudo quase perfeito…
foram tantos os sinais!
Coração em sobressalto,
é de joelhos no chão,
mas de cabeça erguida
que grito bem alto
esta declaração
de amor... à vida.
JAR
Um Último Suspiro
A luz escoa em olhos verdes
Despede-se da terra e do mar
A brisa de final de tarde esbate-se no meu rosto
Faz-me respirar fundo. Provo o vento
Sabe a vida.
Dou um passo em frente
Olho para cima
Nuvens fugazes e bailarinas
Pano de fundo de um céu escuro
Com pássaros galantes em voos distantes.
Em baixo há cimento
Manchas de cores, peões formigueiros, rodopios de carrosséis
Vejo vida.
Dou mais um passo. Fecho os olhos
O vento ciranda, os carros passeiam, as árvores crepitam
Oiço vida.
Não há mais passos.
Abraço o vazio e não o largo.
Desço em espiral de zumbidos
Batuques de um coração aflito
O corpo cai no chão, o sangue dança
Os ossos são brinquedo de cão, os dentes rebolam
A cabeça perde a razão, a pele enrijece
As pernas esticam para uma última canção.
Um último suspiro…
Sem público nem multidão.
João Aranha
Um grito à vida.
Surge à vida, nasce uma criança,
Nasce à esperança, surge à inspiração...
É um contentar de contente,
Um contentamento permanente,
Não há espaço para a solidão. Surge à poesia:
Que vida vivida eu não sei,
Qual rumo da vida
Que leva a quem?
Mistérios da vida
Vinda do alem,
Mas todos a querem
Vive-la também...
Que vida vivida eu não sei,
Palavras da vida
Do mundo herdei,
Inspira-me meninas e
Meninos também,
Poemas à vida
A todos levarei...
Que vida vivida eu não sei,
A morte é inimiga desejo-a a ninguém,
Almejo a vida que a ti eu darei,
O filho – “Poema”,
Espelha-nos bem. Viva a vida!
Clayton Tomaz da luz
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