Segunda-feira, 28 de Dezembro de 2009

(4) "Ressurreição!"

“Ressurreição!”

 

Escuta as palavras do fadista, ouve o rugido do leão,

Finge que és artista, segue a tua intuição,

Tira 100% no teste, vomita a tua imaginação,

Escala ao cume do Evareste, parte no próximo foguetão,

Desvenda o enigma da esfinge, enfrenta a chama do dragão,

Devolve a dor que te atinge, quebra a tua maldição,

Grita de raiva de vez em quando, entra em erupção,

Assume a voz de comando, fala pela tua geração,

Fura o olho do ciclope, arranca as raízes de Antão,

Monta sempre a galope, acelera a tua pulsação,

Mantém a lâmina afiada, sustém a respiração,

Olha nos olhos da tua amada, confia no teu irmão,

Joga a manilha de ouros, amassa o teu próprio pão,

Desenterra novos tesouros, enche o papo grão a grão,

Dá a mão a uma criança, sopra bolas de sabão,

Forja a tua aliança, sente o bater do coração,

Veste a armadura de cavaleiro, apelida-te Napoleão,

Avança sempre primeiro, lidera a multidão,

Marcha contra os canhões, inventa a tua religião,

Canta todas as canções, invoca um deus pagão,

Iça a nossa bandeira, encarna Dom Sebastião,

Apanha uma bebedeira, festeja até à exaustão,

Escreve um poema à liberdade, à morte diz que não,

Renuncia à mediocridade, assiste à tua ressurreição!

 

 

Bernardo Dias

publicado por poesiaemrede às 23:46
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4 comentários:
De Helena a 12 de Fevereiro de 2010 às 10:36
Um poema muito bem conseguido, cadênciado, com musicalidade e que atravessa todas as fases da vida, tudo o que fazemos, tudo o que gostávamos de ter feito e tudo o ue ainda queremos fazer.
Muito bom. Parabens
De Bernardo D. a 13 de Fevereiro de 2010 às 00:54
Ainda bem que gostou do poema, sinto-me muito honrado! Gostei muito do sentido que retirou dele e da interpretação que fez do mesmo, agradeço sinceramente as suas palavras!

De Helena a 17 de Fevereiro de 2010 às 11:31
Recebi este comentário por engano, porque foi enviado cmo resposta ao meu comentário e não ao seu poema, mas como a César o que é de César aqui lho transcrevo na integra: Comentário:
Também gostei do poema. A ideia com que fiquei ao lê-lo foi a de que o autor estava a descrever a vida como ele "lá de cima" a via "cá em baixo": "Em baixo há cimento manchas de cores, peões formigueiros,..."depois de já ter passado para um plano superior, a morte. É um bom candidato ao prémio, na minha opinião. Boa sorte a todos, Anabela Quental
De Anabela Quental a 9 de Março de 2010 às 11:07
Deve, realmente, ter havido qualquer engano! Pois, este comentário, feito por mim, refere-se ao poema nº 2 (Um Último Suspiro) e não a este.

Anabela Quental

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