Saudade …
Por todas as vezes que partiste
E tardaste em voltar.
Por todas as vezes que te vi chorar
E nunca me explicaste a razão.
Saudade …
Do sempre que te vi só
E não fui capaz de te amparar.
Do sempre que me abraças-te
E o teu abraço foi mais forte que o meu.
Saudade …
Porque me crias-te
E não me fiz como querias
Porque a terra não te merece
E o teu lugar é junto de mim
… Ó eterna saudade
Porque agora partiste de vez
E não mais volto a ver-te, mãe.
Cintia Lunai
A vida…
A vida é uma ilusão, feita de momentos
É uma experiência louca, sem o resultado
É um sonho sonhado, sem imaginação
É o todo e o nada, sem o miolo
É a alegria e a tristeza, sem o pensamento
É o sol e a lua, sem o universo
É o caos e a existência, sem o tempo
É a noite e o dia, sem a madrugada
É a musica e a letra, sem o compasso
É o papel e a caneta, sem a tinta
É a forma e a arte, sem o olhar do criador
E é a morte …
… A morte do filho, sem a vida do pai
A morte que vem em vida, só para contradizer.
É assim a vida, cheia de momentos e contradições
Momentos que se contra pensam
Que se contradizem
E que o poeta contra escreve.
Nelson Sebastião
O meu olhar descansa
Das muralhas do meu castelo vejo a imensidão do horizonte
Como é grande o meu caminho que na minha mente faço sozinho
O silêncio que não oiço e que não procuro me envolve
E no ar consigo procurar o cheiro da chuva que paira longe
Viajo no meu sonho que aparentemente é sempre escuro
As luzes que o completam estão ao longe no horizonte
Consigo ver para lá delas, não nos meus mortais olhos
Mas no branco sonho do meu coração
Onde um sorriso vale uma vida e uma lágrima um mundo
Onde a paixão é vermelha e o amor é azul
Onde o sol ilumina o verde do chão pisado
Onde a chuva acaba num arco-íris
Cruzaram se os caminhos, venceram se os muros
Perseguimos um ritmo que acabamos por perder
Somos génios mas agimos de olhos fechados
Somos livres mas sentimos o espaço da nossa prisão
As gotas caiem no meu rosto e fazem a minha mente voltar
Ao meu castelo, onde a chuva cai mas é noite, onde não há cor
O vento por vezes não traz boas notícias, e os sorrisos são pequenos
As vontades cinzentas e os corações moribundos
Será minha vontade suficiente para colorir tudo que meus olhos vêem
Serão meus braços porto seguro de um quebra-gelo
Serão meus ouvidos capazes de não ouvir a saudade
Pois as minhas palavras são meu sentido, são parte de mim
13/10/09
Os dias a passar
Parecia uma vela de um barco sonhado algures no meu peito e,
Se esse barco espero para apanhar um barco que me leve,
O barco navega e eu acordo do meu sonho.
O barco não tem vela e ninguém lhe diz para onde ir
E ele quer saber e vem ter comigo e é então que eu lhe digo que o que interessa é ir,
Mas ele não se dá por achado e fica à espera, até que vem o comandante e diz: Vamos em frente!
O barco vai com o comandante e quase fico em terra, mas à última hora atiro-me com força para dentro do barco e lá vou eu no meu sonho.
Quando acordo ainda tenho a cabeça à roda do voltear das ondas
Desapareceu o barco, desapareceu a vela, o comandante, o mar…
Mas fico noutro mar, no mar dos dias a passar.
Maria Albina Martinho